CARGANDO

BOAS PRÁTICAS PECUÁRIAS Gran Chaco

Argentina y Paraguai

Com mais de 1 milhão de km², é a segunda maior massa florestal da América do Sul, depois da Amazônia 13. Suas extensas florestas secas, áreas úmidas, pradarias e savanas ajudam a regular o clima e a água, fornecem alimentos e serviços ecossistêmicos e abrigam várias espécies. No entanto, nas últimas três décadas, o território passou por uma enorme transformação de ambientes naturais para sistemas agrícolas. A distribuição se dá da seguinte forma: 60,4% do Gran Chaco pertence à Argentina, 28% ao Paraguai e o restante à Bolívia (11,4%) e ao Brasil (0,1%) 14.

BIODIVERSIDADE

Mais de 3.400 espécies de plantas, 500 espécies de aves, 450 espécies de anfíbios e répteis e 150 espécies de mamíferos, incluindo a onça-pintada (Panthera onca) e o tatu-canastra (Priodontes maximus), dois dos mamíferos mais ameaçados da região 15

© Yawar Films / Fundación Vida Silvestre Argentina

PROBLEMÁTICAS

O desmatamento e a conversão são alarmantes no Gran Chaco. Somente na Argentina, mais de 8 milhões de hectares foram perdidos desde a década de 1990, como resultado de um processo de avanço dos modelos de produção baseados na conversão de florestas nativas para o plantio de pastagens megatérmicas e agricultura. Isso resultou em:

  • Perda de biodiversidade.
  • Aumento das emissões de gases de efeito estufa decorrentes do desmatamento e do uso de tecnologias baseadas em insumos.
  • Alteração da estrutura e da dinâmica da matéria orgânica nos solos.
  • Impacto na cultura local ligado ao uso tradicional de recursos florestais nativos.

A pecuária que não substitui a floresta nativa proporciona abrigo para as vacas, sustenta grande parte da biodiversidade original e mantém os estoques de carbono no solo e na vegetação. Ao mesmo tempo, fornece recursos madeireiros e não madeireiros e demanda mão de obra local, promovendo o enraizamento e a cultura rural.

A conversão para a agricultura substitui florestas e pastagens naturais por lavouras, gerando perda de hábitat para a fauna e a extinção de flora, erosão hídrica e eólica e aumento da salinização dos lençóis freáticos. Além disso, devido ao seu alto nível de mecanização, a agricultura industrial expulsa a população rural.

A criação de gado em pastagens plantadas elimina todas as funções do ecossistema florestal. Isso resulta em perda total da biodiversidade, perda de carbono no solo e na vegetação, aumento das temperaturas e da insolação, entre outras consequências.

A pecuária que não substitui a floresta nativa proporciona abrigo para as vacas, sustenta grande parte da biodiversidade original e mantém os estoques de carbono no solo e na vegetação. Ao mesmo tempo, fornece recursos madeireiros e não madeireiros e demanda mão de obra local, promovendo o enraizamento e a cultura rural.

 

A conversão para a agricultura substitui florestas e pastagens naturais por lavouras, gerando perda de hábitat para a fauna e a extinção de flora, erosão hídrica e eólica e aumento da salinização dos lençóis freáticos. Além disso, devido ao seu alto nível de mecanização, a agricultura industrial expulsa a população rural.

 

A criação de gado em pastagens plantadas elimina todas as funções do ecossistema florestal. Isso resulta em perda total da biodiversidade, perda de carbono no solo e na vegetação, aumento das temperaturas e da insolação, entre outras consequências.

Oportunidades

Modelos de gestão comprovados na região, que permitem, por meio da integração da pecuária com a floresta nativa, melhorar a produção de carne, mantendo o fornecimento de serviços ecossistêmicos e a cultura local associada à floresta e à pastagem. A abordagem prioriza o desenvolvimento de sistemas silvipastoris, embora outros modelos coexistam na região (particularmente no Paraguai), onde a prioridade é dada ao manejo da pecuária em áreas convertidas, com a semeadura de pastagens em uma parte do campo. Dessa forma, a cobertura natural da floresta preservada é mantida na área restante, respeitando a legislação local.

Esses sistemas permitem melhorar os seguintes indicadores:

Índices produtivos semelhantes aos dos sistemas convencionais. A cobertura florestal melhora a condição sanitária da fazenda e permite o uso complementar dos recursos florestais. Todo o sistema ganha maior resiliência.

Maior cobertura do solo e incorporação de matéria orgânica que melhora sua estrutura, redução das emissões de GEE pela diminuição do desmatamento e maior eficiência na conversão de matéria seca em proteína animal, manutenção do hábitat para a rica biodiversidade da região.

Conservação da cultura tradicional associada à floresta nativa.

© Yawar Films / WWF Paraguay

Boas práticas pecuárias

O manejo sustentável dos ecossistemas nativos melhora a lucratividade e a estabilidade do negócio. Outras vantagens das BPPs:

Conservar a vegetação em áreas próximo a cursos d’água, garantindo a manutenção de pastagens e/ou matas ciliares.

Priorizar a cobertura permanente do solo, utilizando culturas e pastagens adaptadas a cada tipo de solo e procurar sua correta implantação.

Planejar o pastoreio do gado, priorizando a conservação e o manejo da vegetação natural, mantendo sua estrutura e funcionalidade.

Integrar a pecuária com a floresta nativa no âmbito da Política Nacional de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta

Minimizar a conversão de pastagens, florestas e áreas úmidas e manter áreas preservadas.

Planejar o uso da terra para promover a continuidade de ambientes naturais em escala de paisagem, de acordo com o atual Planejamento do Uso da Terra.

© Yawar Films / Fundación Vida Silvestre Argentina

ESTUDO DE CASO FAZENDA LA MEDIA LEGUA – GRAN CHACO

JUAN JOSÉ CASTELLI, PROVINCIA DE CHACO, ARGENTINA.

A fazenda La Media Legua é um estabelecimento agropecuário no Chaco Seco, onde é realizada uma rolagem de baixa intensidade, conservando as funções florestais e a biodiversidade, mas aumentando a produtividade da forragem.

ÁREAS DE SUPERFÍCIE POR TIPO DE AMBIENTE (HECTARES)

  • 3.600Área total

  • 1.575Floresta virgem

  • 25Culturas forrageiras

  • 2.000Manejo silvicultural

© Yawar Films / Fundación Vida Silvestre Argentina

Características

  • Manejo silvicultural

    182 kg/ha/ano. A produção de matéria seca por ha/ano é equivalente à de um sistema convencional.

  • Recursos humanos

    1 gerente/administrador, 2 ajudantes a cavalo e 2 tratoristas.

  • Treinamento do pessoal

    Nível de treinamento mais alto do que em um sistema convencional.

  • Manejo

    Silvipastoril em floresta nativa, com pastejo de baixa intensidade. Pastejo rotacionado, de 3 a 4 piquetes por rebanho, dependendo de ser um ano seco ou úmido.

  • Rolagem

    A cada 3 anos, adicionando 3 kg/ha de semente de gatton panic (Megathyrsus maximus).

  • Conservação

    99% da propriedade mantém a floresta nativa, com densidades de 200-250 árvores/ha.

  • Uso da floresta

    Potencial uso florestal de árvores caídas. Não são realizadas queimadas.

  • Períodos desfavoráveis

    Realizada recria de acordo com as condições climáticas do ano.

  • Suplementação

    É realizada somente no inverno, utilizando a floresta como forragem.

  • Controle químico

    Não é usado para evitar a deriva para as árvores.

  • Consumo de energia fóssil/unidade de produto

    Menor do que a abordagem convencional.

  • Intensidade das emissões de GEE

    Baixa intensidade, devido à alta produtividade secundária e ao fato de que a floresta em pé permanece em um estado fora de equilíbrio, sequestrando carbono.

  • Nitrogênio/fósforo

    Em comparação com a produção em pastagens que substituem a floresta, o ciclo de nutrientes da pecuária sob a mata é semelhante ao da floresta original.

  • Bem-estar animal

    O abrigo da floresta evita o estresse térmico, o que, por sua vez, melhora a produtividade.

  • Estrutura do solo

    Melhoria pela incorporação de matéria orgânica no solo, como resultado da rolagem e da contribuição do material vegetal e da proteção da floresta nativa.

BIODIVERSIDADE

Foi registrada a presença de espécies indicadoras: anta (Tapirus terrestris), queixada (Pecari tajacu), tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), veado-catingueiro (Mazama gouazoubira), ema (Rhea americana) e mara do Chaco (Dolichotis salinicola).

  • TAMANDUÁ-BANDEIRAMyrmecophaga tridactyla

    © Yawar Films

  • ANTA Tapirus terrestris

    © Tomás Tamagno, algunos derechos reservados (CC BY)

  • VEADO-CATINGUEIROMazama gouazoubira

    © Tomás Tamagno, algunos derechos reservados (CC-BY)

  • TARTARUGA DO CHACOChelonoidis chilensis

    © Valentín Alfano, algunos derechos reservados (CC-BY)

  • TATU-BOLATolypeutes matacus

    © Yawar Films

ESTUDO DE CASO FAZENDA LA ROSANNE – GRAN CHACO

DISTRITO FILADELFIA, DEPARTAMENTO BOQUERÓN, PARAGUAI.

A fazenda La Rosanne é uma unidade de produção de gado de ciclo completo localizada no Chaco Seco, onde são aplicadas práticas de bem-estar animal, nutrição estratégica de bezerros, uso mínimo de agroquímicos e manejo inteligente de pastagens e forragens. A propriedade está localizada em uma região árida que exige o gerenciamento responsável das fontes de água e das reservas de forragem, alcançando um sistema resiliente e permitindo a conservação de uma área de floresta maior do que a exigida pela legislação paraguaia.

ÁREAS DE SUPERFÍCIE POR TIPO DE AMBIENTE (HECTARES)

  • 7.229Área total

  • 3.229Vegetação nativa

  • 3.990Uso pecuário

  • 10Reservatórios de água e estradas

© WWF Paraguay

Características

  • Produção de carne

    4.400 cabeças, com uma taxa de lotação média de 1,1 unidade de gado/ha. A eficiência do estoque é de 44% (kg produzido/kg em estoque).

  • Recursos humanos

    2 funcionários administrativos, 1 capataz, 6 para gerenciamento de gado, 1 tratorista, 4 para manutenção e cozinha e 1 encarregada das bombas de água.

  • Treinamento do pessoal

    Programa de treinamento interno e capacitação CREA. Participa de um programa de Escola de Equipamentos Rurais.

  • Manejo do gado

    Pecuária de ciclo completo. O peso vivo final dos bois é de 455 kg/cabeça. Rodeio Nelore com cruzamento com Brangus. São desejados animais de estrutura intermediária para atender às suas necessidades e reduzir o período de engorda.

  • Manejo de pastagens

    Substituição de espécies cespitosas por espécies rasteiras para melhor cobertura do solo. É realizado um pastejo rotacionado, com o tempo de pastejo dependendo da disponibilidade inicial de forragem.

  • Rolagem de pastagens

    É feita com um rolo Ripper de forma seletiva, de acordo com o grau de capina. É usado equipamento apropriado para reduzir os custos e o impacto ao solo.

  • Ajuste de cargas

    É realizado um balanço de forragem que considera a disponibilidade, as reservas de forragem e a possibilidade de suplementar as categorias que passarão o primeiro inverno.

  • Desmatamento evitado

    44% da fazenda mantém floresta nativa, o que é maior do que a reserva legal de 25% exigida pela legislação paraguaia.

  • Carbono orgânico do solo

    Floresta nativa: 39,5 t COS/ha, pastagens produtivas 38,1 t COS/ha e pastagens degradadas 24,2 t/ha.

  • Suplementação

    Bezerros somente durante o primeiro inverno, com milho e burlanda. As outras categorias de recria e as vacas são suplementadas com silagem ou capim gatton panic (Megathyrsus maximus) e sais minerais proteicos.

  • Uso de agroquímicos

    Somente com prescrição técnica para controle de formigas, plantas lenhosas e herbáceas. Tendência de redução do uso de agroquímicos, substituindo-os por lavoura mecânica.

  • Intensidade das emissões de GEE

    Média das emissões totais: 1.353 kg de CO2 eq/ha de gado/ano ou 729 kg de CO2 eq/ha total/ano. Cada animal emitiu, em média, nos últimos cinco anos, 1.185 kg de CO2 eq/ha/ano, ou 7,1 kg de CO2 eq/kg de peso vivo produzido.

  • Bem-estar animal

    Não são realizados trabalhos prolongados nos currais ou em dias de altas temperaturas.

BIODIVERSIDADE

Com a proibição de caça, controle de acesso de caçadores e treinamento de pessoal, foram registradas as seguintes espécies:

  • TAGUÁCatagonus wagneri

    © Alberto Esquivel WWF-Paraguay

  • ONÇA-PINTADAPanthera onca

    © Cámara trampa WWF-Paraguay

  • JABUTI-PIRANGAChelonoidis carbonaria

    © Chaco Films WWF- Paraguay

  • GATO-DO-MATO-GRANDELeopardus geoffroyi

    © Patricia Roche – WWF-Paraguay

  • ANTATapirus terrestris

    © Gianfranco Mancusi WWF-Paraguay